segunda-feira, 20 de junho de 2011

Abstrair-me ...


Essa infâmia promíscua está tirando minhas forças, mas algo ainda não passou. Olhando pro nada procuro achar respostas cabíveis a tais sensações. Já tentei de tudo, meditação, budismo, mesa branca, macumba, evangelismo, etc. Agora quero ficar em inércia.
Penso que se me afastar de tudo que enfatiza algum vestígio seu, essa dor passaria. Mas enquanto tento colocar em prática, meu peito corrói, sinto que as lembranças servem como meu alimento diário. Porém, hoje, consigo pensar no quão bem você me fazia sentir sem me martirizar por isso. Também consigo lembrar-me do quão lindo seu sorriso era, sem derramar nenhuma lágrima.
É você que está fazendo isso? É você que está estatizando sua ausência no meu interior sem fazer doer como antes? Pensar que sim é confortante. Penso em abstrair-me por um tempo, em um dia qualquer, de uma praça qualquer, em um banco qualquer. Mas ainda assim, essa falta que eu tento desprezar, não sumirá. Por mais que um dia ela deva sumir, me sinto viva, quase morrendo.

sábado, 18 de junho de 2011

Vou ficando por aqui...


Saudade tão diferente senti-la desse ângulo, a muito pensei não existir dor maior que a saudade, ainda penso assim. Outrora, penso que não faz sentido sentir saudades. E pior, não faz sentido fazer a saudade doer tanto assim. Mas posso escolher como devo me sentir? Quem sabe. Meu inconsciente grita pelo seu nome, clama pela tua voz, suplica pela tua presença. Por favor, alguém diga a ele que você não vai voltar. Pois a todo o momento eu tento informar-lhe disso, mas parece que nem eu acredito muito. Ainda não consigo compreender sua ida repentina, sua ida pra tão longe, uma ida sem volta. Quando penso em ti, é como se ainda estivesse aqui. Como escutar a cabeça, se o coração faz tanto barulho... Já não consigo! E quando começo a cair em mim, meus olhos se enchem de obscuridade me negando qualquer tipo de aceitação. Um dia tive medo da morte, mas me dói em dizer que agora ela é um ideal. Essas discrepâncias gladiando dentro do meu peito me causam profundo desespero. Há dias releio suas cartas, analisando minuciosamente sua caligrafia em letras de forma, as letras desleixadas, sua forma única de impor palavras erradas sem me deixar incomodada com isso. A forma de despedires no papel com um simples “Vou ficando por aqui, fique bem...”, me fez imaginar novamente a sua despedida da minha vida dizendo “ Agora somente você, vai ficando por aqui. Fique bem...”.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Mais um vazio deixará...




Saberás localizar-me diante da dor

Suavemente mortal, me sinto a delirar...

Conseguirei seguir novamente sem rancor?

Ou continuarei sempre a sangrar?


Memória póstuma assim será

Foste sem despedir-te e sem exclamações

E essa ausência furtará

Suas últimas recordações


Olhar para um futuro vasto

E um passado ligeiramente curto

Impondo a mim um dia nefasto

Impulsionando-me a um notório surto


A sobriedade me tem com a saudade

Daquilo que vivemos antes

Daquilo que viveríamos depois

Daquilo que não deu tempo de viver, pois se foi...


Oh parta de mim tristeza insolente

Suportarei só mais um dia, mas amanhã quero que se vá!

Saia assim tão completamente...

Pois quem sabe, mais um vazio deixará...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Definhar-me


Vejo as estrelas caindo no espaço

Uma luz estridente erradia sempre

Me mostra que a cada dia tudo é mais vago

Quando penso que a dor foi embora

A saudade vem em forma de faca dilacerar-me a alma

Restaram apenas lembranças que outrora

Trazia cor para o meu mundo

Olho pro futuro que fazíamos no passado

Se desfazendo em espasmos

Tudo que um dia fora conjugado

Está agora alagado

Experimento aqui a pior de todas as dores

A dor de poder ter dito

A dor de poder ter feito

Peço todos os dias que a dor vá embora

Mas ela não me deixa...

Minhas lágrimas já não pedem permissão para cair

Não sei o que fazer

Se me desfaço de tudo que me lembra você

Ou se me apego mais a elas...

Te dizia que se morresse antes de mim

Eu morreria de tristeza...

E no mesmo momento prometeste a mim

Que jamais me deixaria...

Agora que se foi

Vejo a tristeza definhar-me

Não achei que fosse capaz disso

Mas agora já estou entregue a ela...