domingo, 9 de setembro de 2012

Vestido rosado.



Jogada no sofá da sala escura e quente
É, quente. Não sei porque, mas anda tudo tão quente ultimamente.
Os dias de um insuportável vazio me tiram a coragem de levantar dali.
Inexplicável motivo do dia voltar todas as manhãs, acompanhado de minha dor de cabeça.
Mas como num súbito cochilo de piscar de olhos preguiçosos
Me vejo em um lugar completamente desconhecido
Porém com aquela sensação inquieta de já ter estado ali
Bem parece com uma rua estreita e vazia, que se afunilava a cada passo dado.
Apesar da ausência de pessoas, tinha um barulho quase que ensurdecedor de vozes e gritos.
Assustada e com um medo incomum, corri o mais depressa que pude.
Até estar tão apertado que impedisse de me mover.
Tentei voltar, mas tudo transformou-se em um imenso breu aquietado
Em uma tentativa insana de acordar daquele pesadelo em que estava
Fechando os punhos dava de socos em minha cabeça
Passado alguns segundos, sinto uma leve brisa tocando meu rosto.
O oco do meu peito sendo preenchido completamente com o cantar daqueles pássaros sobre os ipês.
Que poderiam ser confundidos facilmente com a mais pura neve branca.
Vestido leve em um tom rosado, eram minhas vestes naquele momento.
Apesar de estranho, estava confortável meus pés diretamente na grama fina e gélida.
Suspiro e penso que poderia ser feliz naquele lugar, apesar da solidão que se fazia até o dado momento.
Mais ao longe, ouço de flautas e violinos em uníssono.
Seguindo aquele agradável som, não percebo que havia chegado no mais alto morro.
Ali dava de vista a todos os lugares, que além de ipês brancos, tinha também roxos e amarelos.
De repente, todos os pássaros tomados de um susto voaram em direções desconexas.
O tempo fechou com a ventania que se fazia.
Descompensada procuro um lugar para me proteger do que quer que fosse.
As vozes e os gritos retornaram em um tom que causavam nada menos que desespero.
Ipês deram lugar a galhos secos e os pássaros, a corvos.
Me olhavam como se divertissem com tudo aquilo.
As lágrimas que cegavam meu olhos, me colocaram a frente de meus mais profundos traumas.
Entre tumbas e lápides de pessoas conhecidas e muito amadas, desejei acordar novamente.
Como instinto de sobrevivência, só faço correr.
Não contendo a velocidade a tempo,  caio naquilo que parecia ser uma cova aberta.
Os sete palmos, transformaram-se em milhares.
Quando sou despertada sendo bruscamente jogada no meu ponto de partida.
Na certeza de aquilo ter sido apenas um sonho.
Naquela sala escura e quente.
Com meu vestido rosado.