Às vezes tento conversar, com uma tal garota sempre solitária.
Na cama macia, ela consegue sentir apenas pregos atravessando sua alma.
Incrível como em tudo sentir apenas dor,
Diz ela que respirar dói, falar dói, piscar dói, lembrar dói...
Como entendê-la sem julgá-la?
Sem dizer um mísero “acorda pra vida, menina!”
Eu a entendo, mesmo sem especular.
Ela me diz que já não sente vontade de viver, e muito menos de sobreviver.
Às vezes com muito esforço, faço com que ela converse sobre tudo.
Outro dia, me disse, que a sua história de amor teve começo, meio...
E um trágico fim.
Fim esse, pior do que todos os fins que ela podia ter imaginado um dia.
É difícil conversar com ela.
Quando ela começa a falar, na terceira palavra já está debulhada em lágrimas.
Como posso ajudá-la? Diz ela, que eu não ajudaria sentindo pena.
Meu eu, sem experiências nenhuma, tenta confortá-la.
Digo que tudo isso que ela está sentindo, com o tempo se amenizará.
Mas quem sou eu dizendo essas coisas? Estou eu insultando-a.
Ela diz que se pudesse, daria a própria vida para reverter tal fato.
Ela diz que não importa o que falam, ou o que ela faça, nada, nada tira essa dor
Constante de dentre do seu peito.
Pedi a ela que descrevesse tal sensação e dor, sem me compreender completamente,
Ela tentou e disse: Minha dor faz me imaginar morta mesmo respirando, faz sentir frio com lembranças, sinto meu peito dilacerar e flamejar em pó, sinto que é somente uma questão de tempo, para a tristeza enfim, me consumir.
Com a boca cerrada, me levanto e saio andando, antes que ela perceba minha face repleta de pena e angústia.
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